quinta-feira, 14 de julho de 2011

Lidar com o caos ambiental será a grande tarefa da próxima geração

Tenho ouvido muita gente falar da próxima geração, que já foi batizada com diversos nomes: “Geração Z”, “Geração superconectada”, “Geração Eu”. Entendo que só podemos estudar uma nova geração quando algum evento muda drasticamente o comportamento das pessoas. É, novamente, a história determinando uma cultura, um conjunto de hábitos e costumes e, assim, um novo comportamento da sociedade. O estudo de uma nova geração, que receba um nome específico, só se dá quando há esta mudança brusca na maneira das pessoas pensarem e agirem.
Pois eu acho que a geração Y atual, que é a geração do “muito”, vai ser substituída pela geração do “pouco”. Hoje os jovens têm, como já disse em outro post, muitas opções pra tudo, e não querem abrir mão de nenhuma delas. Têm variedade de canais de TV, grifes, celulares, carros. Têm inúmeras carreiras pela frente, bem como uma gama de oportunidades de emprego por conta de profissões novas aparecendo a cada dia. Têm redes sociais pra escolher, e incontáveis amigos aos quais estão conectados por meio delas. Por outro lado, têm poucos problemas, se compararmos com o que vem por aí…
O mundo que vem chegando vai exigir mais atenção. Entraremos num período com grandes catástrofes naturais. Chuvas muito fortes, calor acima da média, seca, inundações, neve em excesso. Isso, na verdade, já vem acontecendo, mas pelo que temos notícia, vai se intensificar. E acredito que essas mudanças climáticas vão interferir profundamente na vida dos cidadãos.

A agricultura vai ter de ser readaptada, porque senão muita produção será perdida. Viajar vai demandar mais cuidado, porque os voos estarão mais sujeitos a intempéries. Ir ao trabalho vai ficar mais difícil, até que cada país esteja preparado para lidar com um cenário de um mundo mais caótico em relação a tudo aquilo que recebe a interferência dessas mudanças climáticas.
Os modelos precisarão ser reestruturados. Vão ser necessárias mais cabeças pensando em como lidar com o novo, o inesperado, com a conseqüência da nossa interferência nas condições da natureza, quer pelo desmatamento, quer pela emissão de gases nocivos à atmosfera. E, novamente, voltaremos a viver com mais planejamento, na contramão, com mais escassez. Estamos desacostumados a isso!
Quer seja pelo crescimento da população, quer seja pela desigualdade social ou pelas alterações no meio ambiente, nossas vidas vão mudar e a nova geração vai ter que, outra vez, pensar no “todo” para sobreviver.
Eu frisei o “todo” para lembrar que isso já aconteceu, na época segunda guerra mundial, quando os veteranos pensavam no “conjunto” para sua própria sobrevivência. O coletivo era mais importante que o individual, pela necessidade básica de viver. Engraçado como o pêndulo funciona também no pensamento das gerações.
A geração Y ainda não pensa, de fato, nas consequências do uso inadequado do meio ambiente. Talvez as novas profissões serão focadas em pensar num mundo com mais imprevistos. Hoje, essa moçada escolhe organizações que contribuam com materiais e equipamentos não-poluentes, mas essa questão não é definitiva no seu processo de definir onde quer trabalhar, como quer viver. Prefere trabalhar no que dá prazer. É uma geração individualista, ainda, se comparada aos veteranos.
A questão ambiental, para mim, é fundamental pra definir o comportamento da próxima geração. Alguns países já perceberam isso. O Japão se preparou para terremotos. Todos fazem treinamentos, como os que fazemos em supostos casos de incêndio, procurando preparar a população para os freqüentes terremotos que têm. Mas e se outros países começarem a ter terremotos. E maremotos? E tsunamis?
E geadas comprometendo sua agricultura tanto para exportação como para consumo interno? E se as chuvas se intensificarem, como deverão ser construídos os prédios, supermercados, escolas, enfim, uma sociedade inteira?
Estamos deixando para eles esse legado. Nós, baby boomers, estamos despreparados para pensar num mundo assim. A geração Y, infelizmente, não foi preparada para isso. Eles têm uma leve noção de que isso pode (e vai) acontecer. Mas sua personalidade está formada. Seus modelos mentais estão estabelecidos.
Quem vai pensar sobre esse assunto? A nova geração. Que vai viver na pele as conseqüências da mudança do ambiente. E que vai ser, se Deus quiser, preparada nas escolas para as grandes catástrofes. E demandada pelas comunidades (organizações, governo, entidades mundiais) para buscar soluções gerais, globais, com troca de conhecimento entre os países, para lidar com uma nova realidade.
Esta será a grande mudança de mentalidade, que, de fato, vai criar uma geração diferente e muito da geração Y.
Será uma geração com mais receios, mais vivência de violentas mudanças climáticas, mais coletiva, mais preocupada em conviver e sobreviver, que vai ter que ser adulta mais rapidamente, porque será parte de uma geração do “pouco”.
Que ela venha logo, porque as grandes mudanças estão aí, pra quem quiser ver.

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